A minha Rosinha
Ó Minha Rosinha
Hoje quero aqui prestar a minha homenagem aos homens de hoje e de sempre que se dedicaram a levar o prazer das músicas às aldeias do Norte de Portugal, especialmente, no Minho.
Aos homens de Santa Marta de Portuzelo que nos meus tempos de criança muito me alegraram com os seus altifalantes em forma de sino que penduravam na capela de Adrão e sobre esquinas de telhados de onde saiam sons maravilhosos.
Uma vez, no dia a seguir à festa, ficaram de os ir buscar a um local que se chama Barreira, lá no alto da Aldeia e nunca mais chegavam. Telefonaram para a Tasca do meu amigo Carrasco a dizer o porquê do atraso e que estavam demorados. Só chegariam bem depois do almoço.
Nesse dia, um dia depois da festa, as pessoas já estavam a trabalhar nos campos, a regar os milhos, a sachar, etç., mas os homens de Santa Marta, não desanimaram! Colocaram no monte os altifalantes, ligaram o motor que fornecia a energia e ei-los a trabalhar também. Ouviu-se o gerador a trabalhar e logo de seguida, cerca das 11 horas da manhã: "Atenção! Atenção! Vamos continuar a nossa festa para as gentes de Adrão"!
Oh, minha rosinha ...
De repente, sobre a Aldeia e o vale da nossa veiga, ouviu-se o som de belas músicas, e começaram com esta:
Oh, mimha Rosinha,
Eu heide-te amar,
De dia ao Sol,
De noite ao Luar!
Eu heide ir heide ir,
Eu heide ir se for,
Jurar a verdade,
Por ti meu amor!
Lai, lai, lai, la rai ...
Lai, lai, lai la rai ...
Lai ...
E assim por diante.
Foi para mim, a maior festa de sempre, por ser surpresa. Uma bela surpresa dada por aqueles homens cheios de muita alegria e vontade e de alegrarem também as gentes que tinham recomeçado o seu trabalho.
Esses eram homens de há cerca de meio século atrás. Homens verdadeiros que não se importaram de dispender do seu trabalho, de desgaste de material, de gasolina ... para animar quem depois de grande folia se dedicava ao trabalho.
Obrigado amigos. Nunca vos esqueci e olhem que era muito pequenino! Obrigado gentes de Santa Marta de Portuzelo.